Mundo de Nàrnia.

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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Perca tempo

    Estou tentando encontrar uma pessoa há um ano. É uma menina de 17 anos que está no terceiro ano, prestes a prestar o vestibular. Mas eu não a encontro em casa. É só “está no curso”, “saiu”, “viajou”. É a filha de uma amiga minha. Que juventude é esta, meu Deus! Sem tempo pra nada. Nada que signifique uma conversa, um alento, um momento para um amigo. Do alto de minha maturidade, posso afirmar: esses momentos não voltam. O momento que você viveu não volta. O momento que você perdeu não vai voltar no tempo e dizer: “OI, tudo bem!” Fico impressionada com a facilidade da juventude de desperdiçar os momentos bons de sua vida. Estragam com a impaciência tudo o que seria bom de aproveitar. Um momento de conversa, um não fazer nada especial, um momento de fruir a vida como ela se oferece. Sem buscar isto ou aquilo, só viver, aproveitar o que aquele momento tem de bom.
     Perca tempo. O momento que você está vivendo agora não volta. Dê-se um espaço dentro de si para a vida falar dentro de você. As coisas que ela tem a lhe dizer, só você é capaz de saber e aproveitar. E essas coisas podem ser surpresas tão grandes, coisas tão inesperadas, que você jamais pensaria que surgissem. Essas surpresas podem ser caras ao seu coração. Podem ser um presente pra você, escondidas no tempo que você se dispôs a perder. O tempo passa rápido demais e a vida não escolhe a hora de acabar. Dê valor ao que você tem na hora que tem. Uma conversa quente e ao vivo pode ter mais valor do que uma conversa ao celular. Não despreze as pessoas. Elas tem mais a lhe oferecer do que você pode estar imaginando. Não se contente em abstrair. Tire daquilo que parece insignificante o melhor que puder. Faça as melhores escolhas. Perca tempo para que você possa crescer também por dentro. E colha os frutos de suas opções.
     Quanto à menina de 17 anos, um dia ela vai saber de tudo o que estou lhe dizendo agora. Não importa quando, um dia ela vai saber. E não sei o que vai acontecer neste dia, afinal ninguém pode saber o que teria acontecido. As coisas são como se apresentam. E o futuro não está disponível para ser desvendado. Só temos o presente. É com ele que contamos. Façamos o melhor possível então. E só o tempo vai nos dizer se foi o melhor ou não. Até lá, desejo-lhe felicidades. E o melhor dos encontros possíveis consigo mesmo.


Fátima Braga, 20 de novembro de 2013.