Mundo de Nàrnia.

Mundo de Nàrnia.
Mundo de Nárnia

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Algo


Algo que foge
A  paz
Algo que vem
O sol
Algo que vai
A lua.
Algo que reflete
O mar.

Sempre algo impressionando a vida.
Paz, cadê você?
Quero você, paz!
Inunda meu pequeno ser
Com teu corpo líquido.

Inunda de paz o conflito
Inunda de alegria a tristeza.
Dá a fé a quem desespera.
Dá luz a quem está em trevas.

Algo que faz
O bem
Algo que faz bem
A esperança
Algo de vivo
O amor
Algo de bom
Viver.

Fátima Braga, 22 de maio de 2012.


Pedaços.


Vejo pedaços de coisas.
Não inteiras, pedaços.
Um pedaço de picolé
Pedaços de uma conversa
Pedaços de um canto
Pedaços

Como custa ver a coisa inteira!
Isto é viver pela metade.
Como é bom viver por inteiro!
Falar por inteiro
Abençoar por inteiro
Respirar por inteiro.

A impressão é de que alguma coisa foge
Tem coisa fugindo
Deixando de ser capturada.
A impressão de um sol fugaz
De um vento rápido
De algo que foge e não volta.

Ah, respirar por inteiro!
Como é bom
Talvez seja o susto
O susto de viver
Seja abençoada por inteiro, então!

Fátima Braga. 22 de maio de 2012.


segunda-feira, 21 de maio de 2012

Circo de cavalinhos.


Magia - este é o nome
Do encanto do fantástico
A moça equilibrista e
A que anda em cima do cavalo, de pé.
Os palhaços, o engolidor de fogo
As patinadoras do gelo
O domador de leões, a dança das águas
Até o globo da morte, quando tem.
Sempre risco de vida
E espetáculo triunfante
O circo superando seus próprios acidentes.
Deste risco constante
Todos vibram com o espetáculo
Com aquilo que vêm, ouvem, sentem
Que se perpetue esta arte.
Viva o Circo!
Fátima Braga, 22 de maio de 2011.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

A Trilogia do Adeus - Terceiro adeus.

Terceiro adeus – mar com bolas de fogo 

Meu silêncio parece ondas solteiras que grassam na multidão. Parece conchas nacaradas que se fecham frente aos perigos. É como bolas de fogo, que rolam sozinhas, sem laços ou origem própria. 

Cantei uma canção para te esquecer, mas me vi às escuras! Inconformada com a vastidão, lancei meu apelo desesperado às vozes sussurrantes dos ventos. Sei que vou, em silêncio negro ou azul, para maior consolo. Minha voz fala de coisas graves e agudas e também não se conforma, assim como meu coração. 

Percebi um trêmulo arranjo, de mim para mim. É porque escrevo com o coração. Quero estancar o sangue que se esvai, antes que se faça negra a noite. É meu modo de dizer adeus. 

Adeus! 

Quantos adeuses lançarei até que te esqueça? Depois do terceiro, já é infinito. Não direi mais adeus... 

Fátima Braga - 2002. 

A Trilogia do Adeus - Segundo Adeus.


Segundo adeus – Alma 
É uma alma que cura. Bálsamo restaurador. Pinga aos pouquinhos até fechar as portas da escuridão.
Quem foi? Não tem nome. Ressoa cansada pela casa, plact, plect, ploft, bum! É oceano d’água pura. Água... Quanto mais vem, mais claro se torna o amanhã. Vem! Dou-te meu coração e se mais não bastar, corpo e alma também.
Eu saí um pouco. E não encontrei o que queria. É pouco para apostar com dinheiro na mão. Refreei todas as minhas vontades. E eles vão sem desejos.
Espera-me. Dou-te o que de grande houver. O mundo inteiro, que cabe em ti, dentro de tua garganta. E da qual expeles pequenos pedaços de sabedoria. Vai, mundo! Conta teus louros. Se gostas de mim, saberás o que quero. Pedra sabão e um diamante. Vejo-me só, riquezas: Alma...

Fátima Braga, em 2002.


A geração pós-esparadrapo

A geração pós-esparadrapo é aquela que abriu a boca após 20 anos de amarras (o esparadrapo colado nas bocas, nas prisões da ditadura), sem poder falar, se expressar. Gente que viu o país se tornar um bloco insustentável de levar, depois de tanta violência política na década de 70. A geração pós-esparadrapo abriu o berreiro mesmo, disse: “Estamos cansados de tudo isto. Somos gente, queremos de volta nossa liberdade de expressão, queremos decidir quem serão os governantes do país”. A geração pós esparadrapo se afirmou principalmente na música, individualista, voluntariosa, certa de suas vontades e de seus não-quereres, de seu potencial e de sua liberdade para fazer o que desse na telha. E se expressou no Rock Brasil, que foi por um tempo onde toda essa vontade encontrou seu canal de expressão, atingindo o seu auge no Rock in Rio. Cazuza, Renato Russo, Lobão, todos exprimiram para os jovens daquela época suas vontades de jovens, falando de seus amores, seus desejos de libertação, seus conflitos com seus pais, suas buscas pessoais. Foram aos limites de todos os exageros e inconformismos, da rebeldia, dos desafios a tudo que fosse quadrado, limitado, imbecil, sujo, chapado. Usando suas palavras, seus sons, suas roupas, representaram para nós o “chutar o pau da barraca” de tudo aquilo que era o “certinho”. 
Foram longe de todas as formas. Para xingar, vaiar o que não prestava, falar dos usos do “sistema” que tinham o objetivo de oprimir, da realidade cruel e injusta que se fazia presente em nosso país. Passaram de todos os limites, na busca de sua própria força e de sua própria expressão. 
Cazuza foi um de seus ícones. Rebelde entre rebeldes, foi também a vítima do balde de água fria posterior ao exarcerbar das contestações. A grande vítima exposta de uma geração que viu o fim do sexo livre, com o advento da Aids. Doença ainda desconhecida na época, chegou a ser vista como “castigo de Deus” ao sexo livre desencadeado na década de 60 e adotado pelo movimento hippie e as gerações que se seguiram. Cazuza foi a grande vítima também do cinismo e da falta de ética que pautou os revoltados e cínicos de uma imprensa ainda vingativa e também revoltada, recém saída das chapas em brasa do cala a boca geral acontecido no país. A capa da Veja naquele ano, mostrando o artista nos extertores da doença, em fase praticamente terminal, foi objeto de protesto e revolta, inclusive dos melhores dentro da imprensa. A sociedade fria e desencantada que se seguiu, mais acreditando no trabalho duro e em fatos do que em afetos e misericórdia, gerou o monstro do cinismo, disposto a não abrir mão de seu próprio conforto em benefício de terceiros. Se a Aids não era o “castigo de Deus”, era algo que deveria trazer mudanças de comportamento. Ou menos que isso, de modos de fazer as coisas, por exemplo, com o advento do sexo seguro, através do uso da camisinha. 
Mas e daí? E daí se as engrenagens não pararam e tudo hoje é o que era há 30 anos atrás, mudando apenas os modos de operação? As comunicações evoluíram através da criação e consolidadação da internet, hoje o mundo se comunica com uma velocidade antes impensável na geração pós-esparadrapo. E o que isso nos trouxe de alma, de afeto, de evolução espiritual, de fim das injustiças? E se trouxe, onde está tudo isso? Onde se mostra, onde se revela? Será que o novo individualismo deu lugar a algo que eu chamaria consciência global, onde cabem a defesa da natureza, o fim da exploração do homem pelo homem, o bem-estar social, o equilíbrio econômico entre as nações? Onde está, após o mergulho nas sombras da geração pós-esparadrapo, aquilo que nos dignifica como seres humanos, que nos torna melhores que somos, que nos afasta das trevas do cinismo e do desespero e que nos garante que a vida será melhor? Em que lugares podemos encontrar tudo isso? 
Que estas minhas perguntas sejam apenas uma ponta de lança, como Cazuza o foi da geração pós-esparadrapo. Que sejam apenas objeto de reflexão e reavaliação de valores e comportamentos. Que tragam algo que seja realmente bom e que valha a pena, nos valores humanos. Aprendemos com a geração pós-esperadrapo que devemos falar de tudo o que está dentro de nós mesmos. Mas também aprendemos com ela gentileza e sonho. Afeto e sorriso. Som e dança. Sentimento e lágrima. Dor e reflexão. Mas principalmente verdade e querer. Que esta lição possa não ser esquecida e que se faça presente em cada dia de nossas vidas. 

Fátima Braga, 18/05/2010

A Trilogia do Adeus.- Primeiro adeus.

Primeiro adeus - voz dos violinos da noite. 

Corro como se fosse noite e houvesse uma missão a cumprir. Corro no vento da noite, para selar o infortúnio. Meu amor, eu estou aqui. Mas você não me alcança, estamos tão longe um do outro. A distância nos fere, nos machuca, atravessa nosso coração com flechas, flechas vindas da escuridão. 

Fala, voz dos ventos. O último adeus será dado à distância. Estacou minha voz pra o último amanhã, como se fosse paixão pelo adeus. E o que faço? Me arrisco entre espinheiros,ouso sangrar para te ver, quero assim para que me cures. 

Amanhã é o dia. E neste dia, o que farei? Gritarei: "Pablo Neruda, adeus!, "Vinícius, adeus!", "Renato Russo, adeus!". Assim se encerram todos os jorros de sangue. Meu coração grita: "Quero tua voz. Para ouvir, me consolar, para partir sem medo..." 

Acho que foi pela última vez. Encantaste-me. E o beijos que dou tem todos ofogo abrasador de um violino que chora. 

Adeus! 

Fátima Braga - 2002.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Sobre nós, mulheres.

     Defendo a nós mulheres até a última gota de sangue.Que bom que vivemos em tempos assim, como o nosso. Dia desses assisti um filme chamado "Alexandria" que me fez ter muita raiva.Era a história de uma pagã inteligentíssima, filósofa e matemática Por ser mulher e não abjurar o paganismo para não se tornar cristã, é apedrejada e arrastada pela cidade pelos cristãos que armam meios de fazer com que seu principal amigo não possa mais defendê-la. Morre por se manter fiel à sua fé. É um absurdo a condição da mulher naquela época,  um pouco antes e ao longo dos séculos até hoje. Como temos sofrido através dos séculos, queimadas vivas em fogueiras como bruxa, apedrejadas, enforcadas, assassinadas.Já não bastava São Paulo dizer que as mulheres tinham de ser submissas aos maridos e até como se vestir, tinha que aparecer os que diziam amém a isto, como mostra o filme. Somos maravilhosas e temos de descobrir nosso verdadeiro valor.Já chega de sermos ironizadas, feridas, maltratadas, espezinhadas. Temos de dar um basta nisso.Até agora não apareceu mulher que oficiasse uma missa, por exemplo. Temos direito à nossa divindade feminina, que também existe e precisa ser respeitada. O erro de Eva já foi pago com juros. Somos companheiras dos homens e não suas escravas.Temos lindas histórias de vida. Precisamos viver e ser respeitadas e tratadas com carinho, consideração e respeito.Respeito sempre.Creio sempre no respeito que Jesus teve às mulheres, ao dar a uma mulher a honra de vê-lo antes de todos após sua ressurreição, ao defender a adúltera que ia ser apedrejada, ao defender a mulher que lavou seus pés com lágrimas e jogou unguento em sua cabeça, ao conversar com a samaritana. Jesus nos considerou e respeitou. Que valha esse respeito do Mestre a nós. E assim sejamos gratas a nós mesmas por nossa luta, por melhores condições de vida. O que temos nos foi dado por nós mesmas, que lutamos para isso.Façamos por onde sermos respeitadas sempre, pois merecemos o nosso direito à felicidade. Merecemos ter a nossa vida em paz. E viva a vida! Que geramos dentro de nós.

Passeio à lua.


Eu quis fazer um passeio á lua
Todos me disseram que era absurdo.
Mas eu queria passear na lua
Como é que eu ia fazer?

Despi minha capa de fantasias,
Cheirei uma flor cheia de perfume,
Me embriaguei de amor.
E quis me verter em correntes caudalosas.
Pronto como estava  à primeira lua cheia
Parti.
E a lua me recebeu sorrindo
E todos os absurdos foram explicados
E eu sorri para a lua, caseira de bom trabalho.
A casa estava preparada
Lá fiquei 7 dias.
Depois parti e contei minha viagem
Somente àqueles que acreditaram em mim.
Absurdo? Voei até lá, amigos.

Fátima Braga, 15 de maio de 2012.


terça-feira, 8 de maio de 2012

Píncaros da Glória.


Parte de mim chora e agoniza
Outra parte mergulha no riso
Qual tem razão?
Nenhuma.
Se vamos brincar de píncaros da glória
Eu diria que a virtude está na moderação.

Nem choro demais,
Nem riso demais.
Aos píncaros da glória
Entreguei minha alma.
Polivalente.
Alcancei o imensurável.
Tempo pra mim e viver.
Nada lógico.
Nada previsível.
Apenas viver.

Fátima Braga, 8 de maio de 2012.


Pequeno e intenso.


Ser pequeno
Virtude do poema
Ser intenso
Virtude do poema
Só não é virtude do poema,
Não ser.
Fátima Braga, 8 de maio de 2012.

Foto: Fátima Braga - Recife Antigo.


Claro e escuro



De tudo o que sinto
Há um pouquinho de amor
Há um pouquinho de presente.
Um pouquinho de gás
Muito sentimento.

Rodopiam como pingos de chuva,
As saudades, os amores, os carinhos
Os ressentimentos, as mágoas, os pesares,
Tudo o que é negativo e positivo,
Como pessoa que sou
Reflete-se como num espelho.
Há marcas, pontos mais claros
E marcas mais escuras.
Talvez forme um desenho.
Um desenho misterioso.
Algo que pode assumir várias formas
Ao mesmo tempo.
Preciso colocar lá fora
A solidão, a preguiça, o desamor.
Preciso incluir
O carinho, a meiguice, a doçura.
E fazer mais contornos misteriosos.
Seguir. Em frente
Dizendo não à razão do tempo.
Dizendo talvez ao poder da razão.
Rebelando-me se necessário.

E no frigir dos ovos,
Ser desmensuradamente eu mesma.

Fátima Braga, 8 de maio de 2012.



Presença, ausência.



Eu me sinto como um redemoinho
Redemoinhando idéias, sentimentos
Pesares, concentração, ilusões.
Não chega a ser presenças.
Chega a ser ausências
Ausências que causam FALTA.

No redemoinho, tudo se joga
Amor, desejo, amizade, tempo.
O eterno e inabalável TEMPO.
Que corre sozinho
E não depende de nada.

Quem joga com o tempo?
Não dá!
Não dá pra lidar com o imponderável.
Casa fechada
E presença do sim.
À vida! E só.
Fátima Braga, 8 de maio de 2012.



quinta-feira, 3 de maio de 2012

O autor pelo ator

Este é meu mais novo vídeo. Realizá-lo foi maravilhoso, um trabalho que adoro fazer.Não apenas para divulgar os poetas e os atores, mas também pela oportunidade dos encontros criativos em que muita imaginação é utilizada.Tive essa ideia pela  necessidade de colocar mais vídeos no youtube onde tenho um canal. Mas fazê-lo de forma criativa, divulgando os atores daqui de Pernambuco. Vai ser uma série de vídeos, onde vários atores interpretarão diversas poesias.
Segue o vídeo.
http://www.youtube.com/watch?v=ca3ZsIO78P4&feature=youtu.be

terça-feira, 1 de maio de 2012

Gravação da Praça das Ilusões Perdidas.

Hoje Fernanda Alcântara gravou comigo meu mais novo trabalho, A Praça das Ilusões Perdidas. Vou deixar só umas fotos, para dar um gostinho antes do trabalho ficar pronto.