Estou
tentando encontrar uma pessoa há um ano. É uma menina de 17 anos que está no
terceiro ano, prestes a prestar o vestibular. Mas eu não a encontro em casa. É
só “está no curso”, “saiu”, “viajou”. É a filha de uma amiga minha. Que juventude
é esta, meu Deus! Sem tempo pra nada. Nada que signifique uma conversa, um
alento, um momento para um amigo. Do alto de minha maturidade, posso afirmar:
esses momentos não voltam. O momento que você viveu não volta. O momento que
você perdeu não vai voltar no tempo e dizer: “OI, tudo bem!” Fico impressionada
com a facilidade da juventude de desperdiçar os momentos bons de sua vida.
Estragam com a impaciência tudo o que seria bom de aproveitar. Um momento de
conversa, um não fazer nada especial, um momento de fruir a vida como ela se
oferece. Sem buscar isto ou aquilo, só viver, aproveitar o que aquele momento
tem de bom.
Perca
tempo. O momento que você está vivendo agora não volta. Dê-se um espaço dentro
de si para a vida falar dentro de você. As coisas que ela tem a lhe dizer, só
você é capaz de saber e aproveitar. E essas coisas podem ser surpresas tão
grandes, coisas tão inesperadas, que você jamais pensaria que surgissem. Essas
surpresas podem ser caras ao seu coração. Podem ser um presente pra você,
escondidas no tempo que você se dispôs a perder. O tempo passa rápido demais e
a vida não escolhe a hora de acabar. Dê valor ao que você tem na hora que tem.
Uma conversa quente e ao vivo pode ter mais valor do que uma conversa ao
celular. Não despreze as pessoas. Elas tem mais a lhe oferecer do que você pode
estar imaginando. Não se contente em abstrair. Tire daquilo que parece
insignificante o melhor que puder. Faça as melhores escolhas. Perca tempo para
que você possa crescer também por dentro. E colha os frutos de suas opções.
Quanto
à menina de 17 anos, um dia ela vai saber de tudo o que estou lhe dizendo
agora. Não importa quando, um dia ela vai saber. E não sei o que vai acontecer
neste dia, afinal ninguém pode saber o
que teria acontecido. As coisas
são como se apresentam. E o futuro não está disponível para ser desvendado. Só
temos o presente. É com ele que contamos. Façamos o melhor possível então. E só
o tempo vai nos dizer se foi o melhor ou não. Até lá, desejo-lhe felicidades. E
o melhor dos encontros possíveis consigo mesmo.
Fátima
Braga, 20 de novembro de 2013.