Mundo de Nàrnia.

Mundo de Nàrnia.
Mundo de Nárnia

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Um Homem chamado Pôncio Pilatos.

     Todos conhecem a história de Pôncio Pilatos, que passou à história como o grande covarde, que entregou  Jesus para ser crucificado. Mas nessa história, as coisas correm de maneira diferente.
     Um dia Pôncio Pilatos chegou para Deus e disse assim:
- Senhor, estou cansado dessa vida de culpa e remorsos. Me dê uma chance de me redimir de meus atos e desfazer o que fiz. Não quero passar à história como o grande covarde, aquele que entregou o filho de Deus para ser morto na cruz.
- Vou dar essa chance a você, mas pense nas conseqüências. – disse Deus.
E o tempo voltou atrás. Pilatos se viu nascendo numa família pobre, sem regalias, que tinha que lutar muito para sobreviver. Não tinha a proteção do Império Romano e foi através dos seus estudos que ele chamou a atenção do Imperador e conseguiu o cargo de cônsul da Judéia.  Assim formado, Pilatos tinha um caráter diferente daquele  que conhecemos. Era um homem corajoso, lutador. Tinha enfrentado as adversidades da vida, até chegar onde chegou. Foi na administração da Judéia que ouviu falar de Jesus, um homem odiado pelos fariseus, que tudo estavam fazendo para matá-lo.
     Certo dia, no feriado da Páscoa, ele foi levado à sua presença. Conversou com ele. Viu que era um homem inocente. E sua esposa Cláudia o avisara do sonho que tivera. E foi o que  ele falou para os fariseus.  Que não havia maldade nenhuma naquele homem, que era um homem inocente. E bom. Revoltou-se. Viu que os fariseus o estava perseguindo porque se sentiam incomodados com o que Jesus fazia e dizia. Dentro de si, armou-se de coragem e disse:
- Vocês estão perseguindo esse homem por pura maldade. Nada vi de culpa em cima dele.
- Quer uma rebelião, Pilatos? – disseram os fariseus. ´-Pois nós faremos uma rebelião se você o soltar.
- Pois que venha essa rebelião, ele respondeu. –Tenho exércitos para contê-los.
- Pois aguarde. Não vai sobrar nem cinza de você para o imperador.
-Não tenho medo.- disse Pilatos.
    E assim, Jesus foi libertado por Pilatos, sem nada sofrer, mas continuou a ser perseguido pelos judeus, que o mataram a traição, certo dia. E ele ressuscitou, como disse que ressuscitaria. Embora Pilatos tivesse lhe oferecido a proteção do império romano. O cônsul viveu bem até o fim de seus dias, sem nenhum peso na consciência. Em Roma, falou de Jesus e seus milagres. E um escritor de Roma escreveu sobre Pilatos, tornando-o um herói, por ter enfrentado uma rebelião na Judéia e ter vencido com a força do Império Romano.
Pilatos passou aos planos espirituais sem remorsos ou culpas. O Tempo passou. Muito tempo passou. Um dia ele foi ao pais da profecia e estranhou muito o que achou. Ao contrário da profecia, não havia igrejas nesse país. Achou um povo sem fé, onde não havia religiosidade. E nem cruz.
Foi falar de novo com Deus:
- Senhor, o senhor me deu nova chance. Mas não vejo tuas igrejas espalhadas como eu via. Parece que o povo não tem religião alguma, teus símbolos foram todos perdidos.
O Senhor respondeu:
-Falei das conseqüências. Não existe mais a fé na cruz, pois não houve cruz. Meu filho cumpriu sua missão, mas um dos fatores se desvirtou. Aconteceu a ausência de um elemento no cenário armado por mim para a redenção do mundo.
-Esse fator é minha covardia, Senhor?
-Veja você que nada é em vão. Seu heroísmo, como disse aquele escritor romano, mudou o quadro da religião. Ao invés de uma cruz, as pessoas tiveram uma traição. Não é a mesma coisa. Ao longo da história, coisas deixaram de acontecer. E muita coisa mudou.
-Senhor, e agora? Todo o plano da redenção está desfeito afinal.
-Não, Pilatos, fiz para você a sequencia de uma realidade possível. Sou Deus. Tudo posso. Veja o que faço agora.
E, num átimo, Pilatos viu de novo o país da profecia cheio de igrejas e de cruzes. E as pessoas orando, com fé.
-Espero que agora você alcance a sua paz de espírito, Pilatos. Seu gesto fazia parte da criação do mundo, desde que o mundo é mundo. Não se atormente entre culpas e remorso.Pense no imenso amor de Deus por você.
-Obrigado, senhor. Acho que sentirei menos culpa e remorso.
-Pois vá em paz. E leve minhas bênçãos com você.
Pilatos saiu em paz e agradecido. Foi dividir com Cláudia, que era sua esposa, a sua alegria. Saiu bendizendo o poder de Deus, que era infinito.E nunca mais falou de culpa ou remorsos.


Fátima Braga, 16 de abril de 2014.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

O Ateu


     Quando Nossa Senhora ajuda, ajuda mesmo. Corria o ano de 1970.Nosso personagem é um homem de 40 anos, ateu convicto, comunista que estava participando dos movimentos políticos do Brasil, as guerrilhas. Estava envolvido até os ossos. A sua família, no entanto, era cristã, acreditava nas graças e bênçãos de Nossa Senhora. Ouvia sua mãe falar dos milagres dela, mas nunca tinha dado ouvidos. Prezava sua condição de ateu até o limite do desconhecido.  Queria mudar o Brasil, instalar o regime comunista no país. E não acreditava que santo fizesse milagre.
      No ano de 1970, participou de uma ação, foi baleado na perna e preso. Não tiveram piedade com ele, ele não foi levado para um hospital para se tratar, mas aos porões da ditadura. Foi interrogado e todo dia, havia sessão de tortura. Este homem não denunciava nada, não delatou nenhum de seus companheiros. Mas o tempo passou. E passou daquele jeito. Ele já tinha perdido a conta dos dias. A ferida da bala postemara e agora outras se espalhavam no seu corpo. Não tiveram nenhuma  piedade com ele. Um dia, jogaram outro preso na cela dele. Já este homem era homem de fé. E conversava com ele sobre o que estava acontecendo. Dizia que acreditava em um milagre de Deus, que todo aquele horror iria parar. Dizia para o outro acreditar em Nossa Senhora, nossa advogada, que não se esquecia de nós. Ele, muito firme em sua convicção, não acreditava. O companheiro disse que fizera uma promessa a Nossa Senhora, que cumpriria se saísse vivo daquilo. Ele não vacilou em dizer que Deus não existia e que suas convicções eram profundas.
     Mas um belo dia, notou que o companheiro não era mais levado a sessões de tortura. E mais, que vieram com alvará de soltura nas mãos. Ele iria sair vivo dali.
    Pensou: “No que minha falta de fé está me ajudando? E foi levado para uma sessão de tortura que o deixou mais que arrasado. Porém vivo. “Estou tendo uma chance de viver. Quantos já vi que não sobreviveram? Será que existe um Deus que regula tudo isso?. Não gosto de Deus. É uma figura antipática aos meus olhos. O Criador, que domina tudo. Não gosto de quem domina. Mas eu ousaria pedir algo à Virgem Maria, que é mulher e talvez se compadeça dos meus sofrimentos. O que posso prometer a ela?”
    Pensou. E decidiu. “Prometo espalhar a devoção a ela. Se ela me tirar dessa, prometo que vou ser ativo propagador de sua fé”.
No dia seguinte a esta decisão, notou que não o chamaram mais para nova sessão de tortura. E mais dias se passaram sem que assim fosse. Quinze dias depois, ele foi levado para um campo, onde havia um helicóptero, que o levou a um aeroporto.Compreendeu. Estava numa lista de troca de presos do regime. Foi viver em Paris, no exílio. E lá cumpriu sua promessa. Estava velho demais quando o Muro de Berlim caiu e viu o fim do comunismo. Viu a ação de Nossa Senhora ali. Ainda não gostava de Deus, mas passou a acreditar no mundo espiritual, certo de que os espíritos agiam em nosso mundo. Quando morreu, já no Brasil, tinha filhos, netos e bisnetos. Pôde ver as novas gerações prosperarem. E falava para eles com carinho da Virgem Maria, que o ajudara quando estava preso e quase sem esperança de sair de lá vivo. No seu enterro, velhos companheiros de política, os filhos, netos e bisnetos. E sua alma entrou nos mundos espirituais, terra da bem aventurança, onde a fé é o alimento.


Fátima Braga, 4 de abril de 2014.